NR1 e Saúde Mental: como aplicar e garantir qualidade no cuidado

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Victor Assis

Nos hospitais e serviços de saúde, a pressão é constante. Nesse cenário, a saúde mental dos profissionais não pode ser vista como um detalhe. E é exatamente aqui que entra a NR1, sobre saúde mental. 

Essa norma coloca o bem-estar psicológico no centro da gestão de riscos ocupacionais.  

Para quem atua com gestão da qualidade na saúde, compreender esse tema é essencial para garantir segurança assistencial, conformidade legal e excelência operacional. 

Neste artigo, vamos explorar como a NR1 saúde mental se aplica especificamente a hospitais e serviços de saúde. Quais os desafios e, principalmente, como transformar esse tema em ações práticas no seu sistema de gestão da qualidade. 

 

O que é a NR1 e como impacta a saúde mental nos hospitais 

A NR1 (Norma Regulamentadora 1) estabelece as disposições gerais sobre saúde e segurança no trabalho. É a base para todas as NRs, definindo responsabilidades de empregadores e empregados e orientando a elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). 

Nos últimos anos, a norma passou a incluir de forma mais clara a avaliação de riscos psicossociais, fatores que afetam diretamente a saúde mental dos trabalhadores. 

A NR1 passou por uma atualização importante, publicada pela Portaria MTE nº 1.419/2024, que modificou o capítulo 1.5 da norma. O principal avanço foi a inclusão expressa dos riscos psicossociais dentro do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), exigindo que empresas identifiquem, avaliem e controlem fatores como: 

  • Estresse ocupacional, 
  • Sobrecarga de plantões, 
  • Assédio moral e interpessoal, 
  • Impacto emocional de lidar diariamente com sofrimento e morte. 

Essa nova redação estava programada para entrar em vigor em 26 de maio de 2025, mas a Portaria MTE nº 765/2025 prorrogou a obrigatoriedade para 25 de maio de 2026. 

O que isso significa na prática? De maio/2025 até maio/2026, a aplicação terá caráter educativo e orientativo, ou seja, sem penalidades diretas. A partir de maio/2026, passa a ter caráter fiscalizatório: hospitais precisarão demonstrar evidências de que riscos psicossociais foram mapeados e tratados no PGR. 

O seja, quem começar a se adaptar já em 2025 terá tempo para amadurecer processos e ganhar vantagem em auditorias, acreditações e fiscalizações. 

Por que a NR1 e saúde mental devem estar no foco da gestão da qualidade? 

A qualidade no setor da saúde está diretamente ligada às pessoas. Um protocolo bem estruturado não funciona se a equipe está sobrecarregada ou emocionalmente fragilizada. 

Quando a gestão hospitalar inclui a saúde mental como prioridade, os reflexos positivos aparecem em diversas frentes. Veja alguns dos principais benefícios: 

Benefícios diretos de cuidar da saúde mental na qualidade hospitalar 

Quando os hospitais reconhecem a importância da saúde mental de suas equipes, os reflexos positivos aparecem em várias dimensões da gestão da qualidade. Entre os mais relevantes, podemos destacar: 

  • Menos erros assistenciais: profissionais com clareza emocional tomam decisões mais seguras. 
  • Maior engajamento nos programas de acreditação e certificação (ONA, ISO, Joint Commission). 
  • Redução de absenteísmo e afastamentos por doenças ocupacionais relacionadas ao estresse. 

Da mesma forma, ignorar esse tema pode trazer riscos sérios. A seguir, alguns exemplos: 

Riscos de negligenciar a NR1 saúde mental 

  • Não conformidades em auditorias internas e externas. 
  • Crescente número de processos trabalhistas ligados a saúde ocupacional. 
  • Queda de reputação institucional e impacto na acreditação hospitalar. 

 

NR1 e saúde mental: o que muda para hospitais e clínicas? 

Olhando para o futuro próximo, a tendência é de que a NR1 tenha um papel ainda mais visível. Isso significa estar atento a novas exigências e práticas que podem se tornar rotina. Entre elas, podemos destacar: 

  • Fiscalizações mais rigorosas sobre riscos psicossociais em hospitais. 
  • Exigência de registros formais no PGR de ações ligadas à saúde mental. 
  • Conexão direta com acreditações hospitalares, que cada vez mais valorizam a segurança psicológica das equipes. 
  • Valorização de indicadores de bem-estar nos relatórios de qualidade, como absenteísmo e turnover. 

Em outras palavras: quem não se preparar agora pode ficar para trás, tanto no cumprimento da lei quanto na busca por excelência em saúde. 

 

Como aplicar a NR1 saúde mental na rotina hospitalar 

Saber que a norma existe é importante, mas o verdadeiro diferencial está em traduzir a NR1 saúde mental em ações concretas. Veja a seguir algumas práticas que podem ser aplicadas em hospitais, clínicas e laboratórios:

1 – Incluir riscos psicossociais no PGR hospitalar

Para começar, é fundamental mapear quais fatores do ambiente hospitalar podem impactar a saúde mental dos profissionais. Entre os mais comuns, estão: 

  • Sobreposição de plantões. 
  • Turnos noturnos frequentes. 
  • Pressão por resultados imediatos. 
  • Convivência diária com situações de morte ou sofrimento intenso.

2 – Diagnosticar o clima emocional

Além do mapeamento inicial, é importante manter um acompanhamento contínuo do clima organizacional. Algumas práticas eficazes incluem: 

  • Pesquisas de clima específicas para saúde. 
  • Acompanhamento de afastamentos médicos ligados a transtornos mentais. 
  • Entrevistas confidenciais com profissionais da linha de frente.

3 – Treinar lideranças hospitalares sobre NR1

Os líderes têm papel central na prevenção de riscos psicossociais. Por isso, vale investir em capacitação em temas como: 

  • Identificação de sinais de desgaste emocional. 
  • Práticas de feedback saudável e comunicação não violenta. 
  • Inclusão da saúde mental nos treinamentos obrigatórios de segurança.

4 – Criar canais de escuta segura

Outro passo essencial é abrir espaço para que os colaboradores possam se manifestar. Isso pode ser feito por meio de: 

  • Espaços anônimos para relato de situações de estresse ou assédio. 
  • Comitês de saúde ocupacional que discutam periodicamente esses dados.

5 – Monitorar indicadores ligados à saúde mental

A saúde mental também pode (e deve) ser acompanhada por indicadores de gestão. Alguns exemplos são: 

  • Taxa de absenteísmo por motivos psicológicos. 
  • Índice de erros assistenciais correlacionados à sobrecarga. 
  • Turnover em áreas críticas (como UTI e pronto-socorro).

6 – Implementar políticas de bem-estar

Por fim, é essencial transformar o tema em ações práticas de cuidado. Algumas medidas simples podem fazer diferença: 

  • Pausas programadas em longos plantões. 
  • Rodízio de equipes em setores de maior pressão emocional. 
  • Incentivo a práticas de relaxamento, apoio psicológico e acompanhamento médico. 

 

Exemplos práticos da NR1 em hospitais e serviços de saúde 

Falar de teoria é importante, mas nada substitui exemplos práticos. Abaixo, dois cenários hipotéticos que ilustram como a aplicação da NR1 saúde mental pode transformar a rotina em instituições de saúde: 

Caso 1: Hospital geral 

Um hospital incluiu no PGR o risco de fadiga mental na enfermagem de pronto-socorro. Para lidar com isso, adotou as seguintes medidas: 

  • Reorganizou escalas para reduzir sobreposição de turnos. 
  • Criou pausas obrigatórias durante plantões longos. 

Resultado: redução de 20% nos afastamentos por motivos relacionados ao estresse em 1 ano. 

Caso 2: Laboratório de análises clínicas 

Após identificar altos índices de retrabalho em laudos, o laboratório percebeu que o problema estava ligado à pressão por produtividade e falta de pausas. As ações incluíram: 

  • Reavaliação das metas de produção. 
  • Inclusão de intervalos programados a cada 2 horas. 
  • Capacitação de gestores em gestão do tempo. 

Resultado: diminuição de 25% nos erros de digitação e maior satisfação dos clientes. 

 

Desafios específicos da NR1 no setor da saúde 

Apesar da relevância da NR1, sua implementação no contexto hospitalar enfrenta barreiras. Entre as mais comuns estão: 

  • Escalas de plantão rígidas: dificuldade em equilibrar jornada e descanso. 
  • Alta pressão emocional: contato direto com pacientes graves. 
  • Recursos limitados: orçamento hospitalar nem sempre permite grandes programas. 

 

Dicas práticas para gestores da qualidade em hospitais 

Mesmo com desafios, é possível avançar com pequenas ações que geram grandes resultados. Veja algumas estratégias eficazes: 

  1. Comece pelo setor mais crítico (como pronto-socorro ou UTI) e expanda gradualmente. 
  2. Mostre dados para a direção: conecte saúde mental com indicadores de qualidade (erros, absenteísmo, não conformidades). 
  3. Envolva a CIPA e SESMT: crie integração entre segurança, qualidade e saúde ocupacional. 
  4. Conecte com acreditações: use a NR1 saúde mental como diferencial competitivo para certificações como ONA e ISO. 

 

 Quer saber mais sobre certificações e Qualidade na área da Saúde? Ouça o Qualicast 179, em que falamos sobre as conexões entre a ISO 7101 e ONA. O papo, que teve participação da Rafa Conte, ficou incrível!

Qualidade em saúde começa pela equipe 

A NR1 nos hospitais não deve ser encarada como uma mera obrigação legal. Ela é uma oportunidade de transformar a cultura das instituições de saúde, trazendo mais segurança assistencial, satisfação de pacientes e sustentabilidade operacional. 

Para quem atua na gestão da qualidade hospitalar, aplicar a NR1 é cuidar não apenas dos processos, mas principalmente das pessoas que fazem a assistência acontecer. 

Revise o PGR do seu hospital ou clínica e verifique se os riscos psicossociais já estão mapeados. Esse é o primeiro passo para alinhar sua instituição à NR1 saúde mental 2025 e fortalecer sua posição como referência em qualidade e segurança. 

 

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