Como proteger os profissionais da saúde do Coronavírus

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Nossa experiência em saúde tem nos ensinado que a conscientização é o primeiro passo para adoção de boas práticas na área da saúde. Com o Coronavírus não será diferente! Assim, quero fazer um breve histórico da evolução desta pandemia em nível global para que possamos compreender como proteger os profissionais da saúde do Coronavírus. Vamos lá:

Um surto de pneumonia de causa desconhecida foi detectado em Wuhan, na China, e relatada pela primeira vez ao Escritório local da OMS em 31 de dezembro de 2019. O surto foi causado por uma nova cepa de coronavírus, posteriormente rotulado como coronavírus 2, depois da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2). A doença causada por esse novo vírus foi denominada COVID-19.

Mais do que uma ameaça para a saúde individual, a presente epidemia é um desafio para a Saúde Pública global e um treinamento em vida real que põe em xeque a capacidade dos países e dos governos de se articularem e cooperarem para a resolução de um problema grave e de dimensão planetária.

No brasil, o quadro atual é o seguinte:

  • O Brasil teve seu primeiro caso confirmado em 26 de fevereiro, um homem que voltara ao Brasil em 5 dias antes, vindo da Itália;
  • Uma nova fase de enfrentamento da epidemia se inaugura a partir de 13 de março, com a constatação de transmissão comunitária, em São Paulo e no Rio de Janeiro, com casos comprovados de pessoas que se infectaram sem ter viajado ou ter tido contato com viajantes recém-chegados de áreas epidêmicas;
  • A partir daí, o número de casos confirmados subiu rapidamente, chegando a 291 casos e um óbito em 17 de março;
  • Poucos dias depois, em 21 de março, chegamos a 1128 casos e 18 mortes.

Dessa forma, estamos diante de uma pandemia, que cresce rapidamente no mundo inteiro.

Panorama nacional atual

Medidas de saúde pública estão sendo adotadas em todo o Brasil, por orientação do Ministério da Saúde, em alinhamento com as recomendações da OMS, para evitar a proliferação incontrolável do coronavírus.

Estas medidas precisam ser incorporadas rapidamente em todos os serviços de saúde, bem como pelas equipes de saúde e população em geral, tendo em vista o impacto direto na estrutura de saúde (leitos, UTIs, equipamentos, equipes de saúde e demais recursos), que poderão se demonstrar insuficientes para atendimento da demanda.

Analisando o cenário e as tendências alarmantes de crescimento da contaminação por coronavírus, é fundamental refletirmos sobre as equipes de saúde que precisam atuar ativamente neste momento.

Que medidas estão sendo planejadas e implementadas para que saibamos como proteger os profissionais da saúde do Coronavírus? Se você ainda não pensou nisso, veja o que pode ser feito; se já pensou, talvez esse texto possa trazer novos ares e ideias.

Como proteger os profissionais da saúde do coronavírus?

A força de trabalho (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e demais profissionais de saúde) que atuam nos hospitais, emergências, centros de saúde e clínicas devem ser protegidos, visando aliviar a carga que recebem e receberão por semanas e meses a fio, durante a epidemia.

O stress das equipes advém da superlotação dos serviços pelo COVID-19, somada às demais patologias usualmente encaminhadas aos serviços. A isso, soma-se ainda pelo temor confesso, ou não, de se infectar e contagiar familiares. 

Os gestores dos serviços de saúde, com o objetivo de preservar a qualidade de trabalho das equipes e visando proteger os profissionais da saúde do Coronavírus, devem:

  • instituir horários de descanso;
  • oferecer serviços que facilitem a vida das pessoas, como alimentação, fornecimento de roupas de trabalho, salas de repouso e instalações com chuveiros e facilidade para a higienização corporal ao entrar e ao sair dos plantões, por exemplo;
  • é fundamental tornar acessíveis à toda equipe de saúde, os materiais necessários para proteção individual, como máscaras, luvas, aventais, óculos, bem como materiais de proteção especial para procedimentos invasivos, como máscaras N95 e filtros de ar;
  • A infraestrutura para higienização das mãos e “toalete respiratória” dos pacientes deve estar acessível a todos, incluindo os consumíveis, como sabão, álcool gel, lenços e toalhas descartáveis;
  • As instalações de saúde devem ser limpas várias vezes ao dia, incluindo sanitários, consultórios, mobiliário e salas de espera.

Por outro lado, incentivar a adesão às boas práticas para o controle da transmissão do vírus, com capacitação eficaz das equipes de saúde é também essencial para proteção do profissional e de seus familiares.

As lideranças dos serviços de saúde devem enfatizar para suas equipes a importância do autocuidado como centro de resposta à epidemia, por isto a adoção de medidas como:

  • lavar as mãos correta e constantemente;
  • ao tossir ou espirrar, não utilize as mãos, cubra a boca com o braço;
  • não toque seu rosto antes de higienizar as mãos;
  • mantenha distância das pessoas;
  • evite tocar em dinheiro e caso seja necessário, higienize as mãos imediatamente;
  • entre outras.

Reconhecendo que o risco de doença é grave e de que a necessidade de hospitalização aumentam com a idade e as co-morbidades (presença de mais de uma doença) dos acometidos pela COVID-19, recomenda-se que profissionais de saúde, com idade acima de 60 anos ou com doenças crônicas (diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas etc), mesmo que saudáveis, ou ainda profissionais em estado de vulnerabilidade, como gestantes, sejam afastados da linha de frente e alocados em outras funções que demandem conhecimento na assistência à saúde. 

O que podemos aprender com China e Itália?

A China tem um papel primordial nessa pandemia, pois é o primeiro laboratório de vida real e por isso tem mais experiências para compartilhar. Com a adoção de medidas drásticas, como o fechamento da cidade de Wuhan, epicentro do surto, bem como o isolamento social e a construção em tempo recorde de um hospital para atender a demanda de serviços superlotados, em 13/03, o número de casos passou a ser menor que o número de altas.

A principal lição aprendida com a China é que a epidemia pode ser desacelerada desde que se reconheça sua gravidade como evento de máxima ameaça à saúde pública e que não se postergue a aplicação de medidas drásticas

A transparência quanto a evolução da epidemia dia a dia, a abertura imediata de dados e informações científicas à OMS e a colaboração entre as equipes chinesas e os países membros da OMS, no que concerne à pesquisa e às práticas de isolamento, higienização e atendimento, foram contribuições inestimáveis à saúde global.

Na Itália, os primeiros casos importados, ao que parece, não foram identificados. O primeiro doente com COVID-19 foi notificado em 20 de fevereiro e já era um caso de transmissão comunitária. O número de casos graves cresceu rapidamente, lotando os serviços de saúde. Embora reconhecida pela excelência dos serviços de saúde pública, a mortalidade do surto inicial na Itália é das maiores do mundo. Conforme dados da OMS, em 17 de março, foram 27.980 casos confirmados e 2.158 mortes, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 7,7%. Outro fator relevante é que, em apenas 24 horas, os doentes graves em cuidados intensivos aumentaram, ocasionando um dilema ético a sobrecarregar ainda mais as equipes de saúde já pressionadas pela própria epidemia.

A principal lição aprendida com a Itália é perceber a crise na saúde pública e tomar medidas mais duras de contenção da epidemia, logo quando os primeiros casos de transmissão local aparecem, mantendo-os viáveis durante a fase de explosão da epidemia.

No Brasil, percebemos o esforço do Ministério da Saúde e dos Governos Estaduais e Municipais na adoção de medidas efetivas de ordem restritiva, promovendo-se a higienização constante e o isolamento social como forma de controlar o avanço da epidemia e, com isso, o estrangulamento da rede assistencial.

Assim, espera-se que as medidas adotadas permaneçam coerentes com o planejamento e que cada um faça a sua parte, tanto em cada estabelecimento de saúde, como seus profissionais individualmente e os usuários destes serviços, atendendo rapidamente às mudanças de hábitos para evitar aumento geométrico de novos casos. 

Boas práticas e medidas essenciais para preservação da saúde

Estamos diante de uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo, com risco real de sequelas e mortes em grupos de riscos e, também, por escassez de leitos, equipamentos e, principalmente da conscientização das pessoas. Por isso, é preciso conscientizá-las sobre a adoção de medidas essenciais para evitar a proliferação do vírus, tais como: 

  • Monitoramento e comunicação diária dos avanços da epidemia pelos gestores de forma a estar atento às medidas a serem tomadas em diferentes localidades, conforme a evolução global e local da epidemia;
  • Aplicação de medidas pelo governo local envolvido com casos de transmissão da COVID-19, conforme tipo de transmissão (importada ou por transmissão local ou comunitária);
  • Atenção ao apoio científico das sociedades médicas mais específicas ao tratamento da COVID-19, como infectologia, pneumologia, entre outras, para o aperfeiçoamento das decisões do Comitê Central liderado pelo Ministério da Saúde e a aplicação das boas práticas por ele recomendada; 
  • As equipes de saúde são o mais importante ativo e também o elemento mais sensível no enfrentamento da epidemia. É no hospital que o desgaste profissional é máximo. Asim, os gestores hospitalares devem empreender esforços para manter as equipes de saúde protegidas e motivadas para uma ação eficaz e sem baixas;
  • Serviços de Saúde do Trabalhador oferecidos aos profissionais da linha de frente serão úteis para diagnosticar e tratar precocemente os infectados e favorecer a realocação dos profissionais idosos ou com co-morbidades para atividades de apoio à assistência, com menor risco de contágio;
  • Uso racional dos insumos necessários para proteção dos profissionais de saúde deve ser enfatizado, evitando-se uso indevido, desperdícios e desabastecimentos;
  • Todos os profissionais de saúde responsáveis pelo atendimento devem contar com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como: máscara cirúrgica, avental e luvas descartáveis e protetor facial ou óculos. Nos procedimentos que podem gerar aerossol (como coleta de swab nasal, broncoscopia, aspiração de paciente entubado), a máscara cirúrgica deverá ser substituída por máscara N95 ou PFF2. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), com leitos destinados à COVID-19, se deve utilizar máscara N95 ou PFF2; 
Máscara N95



Máscara PFF2

  • Os profissionais de saúde, mesmo com sintomas respiratórios leves, devem ser testados e receber orientação tempestiva. O teste diagnóstico RT-PCR é insumo de máxima importância para o acompanhamento da epidemia;
  • Recomenda-se a vacinação contra a influenza de todos os profissionais de saúde de forma prioritária;
  • Cabe ressaltar: a higienização constante, o isolamento social, evitar aglomerações e manter o distanciamento entre as pessoas são medidas essenciais neste momento. 

MOBILIZAÇÃO E COLABORAÇÃO EM PROL DA PREVENÇÃO 

Neste momento precisamos unir forças para manter os profissionais de saúde mobilizados para o cumprimento das medidas essenciais de proliferação, tratamento adequado e boas práticas assistenciais. Assim, conseguiremos proteger os profissionais da saúde do Coronavírus.

Por outro lado, a mobilização da sociedade para reconhecer a gravidade do momento, respeitando-se as recomendações e determinações da Saúde Pública, é fundamental para o êxito da estratégia.

Somente assim, mobilizando todos os setores da sociedade e sabendo proteger os profissionais da saúde do coronavírus, conseguiremos superar a crise do coronavírus com o mínimo e impacto possível.

 

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