Governança Clínica: O que é e Qual a sua importância?

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Catia Albuquerque

Catia Albuquerque

A Governança Clínica é um tema que está ganhando cada vez mais destaque no mundo da saúde, e isso não é por acaso.  

Trata-se de um conceito que vai muito além das paredes dos hospitais e clínicas, impactando diretamente a qualidade do atendimento médico, os resultados dos tratamentos e até mesmo o custo dos serviços de saúde. 

Mas por que deveríamos nos importar com a Governança Clínica? O que a torna tão relevante nesse mercado que passa por tantas transformações para atender às expectativas do paciente? 

Para que um sistema de saúde funcione, a tomada de decisão médica deve ser  eficiente e orientada por evidências científicas sólidas. Nesse sistema, os pacientes recebem tratamentos personalizados, baseados em suas necessidades individuais, e os resultados clínicos são consistentemente excelentes, seja em hospital, clinicas especializadas, laboratórios, atenção primária, entre outros. Além disso, os recursos são alocados de forma eficaz, reduzindo desperdícios e custos desnecessários que muitas vezes fragilizam a saúde financeira da instituição, pois quando existe governança clínica, é possível diminuir o desperdício de materiais, tempo e dinheiro. 

A Governança Clínica busca exatamente essa segurança.  

Então, se você está curioso para entender como a Governança Clínica está revolucionando a área da saúde, como ela está afetando os profissionais e pacientes, e como você pode se beneficiar desse novo paradigma, continue lendo.  

Vamos explorar juntos esse fascinante e vital tema que está moldando o futuro da assistência à saúde. 

 O que é Governança Clínica 

É um conjunto de práticas e estratégias que visa melhorar a qualidade do atendimento, otimizar a utilização dos recursos e promover a transparência e a prestação de contas no campo da saúde.  

Ela também enfatiza o envolvimento ativo dos profissionais de saúde, incentivando a colaboração interdisciplinar e a atualização constante com base nas melhores evidências disponíveis. 

Portanto é uma estratégia focada na entrega de valor ao paciente e cliente da saúde. Esse modelo de gestão coloca os serviços ofertados no centro das decisões tomadas pelos gestores da saúde, reforçando ações de fidelização dos clientes e parceiros. 

O conceito de governança clínica surgiu na década de 1990, pelo NHS (National Health System), que é o sistema de saúde pública do Reino Unido, com a implantação de boas práticas, consolidadas por meio de um modelo de gestão voltado à qualidade dos serviços. 

O NHS define governança clínica como: “Um sistema através do qual as organizações são responsáveis por melhorar continuamente a qualidade dos seus serviços e a garantia de elevados padrões de atendimento, criando um ambiente de excelência de cuidados clínicos”. 

 A importância da Governança Clínica para fortalecer a Qualidade em Saúde 

Aqui está a grande questão: a Governança Clínica não é apenas uma teoria abstrata, é um movimento que está sendo implementado em hospitais e todo o sistema de saúde e em todo o mundo.  

Ela está transformando a maneira como os médicos e todos os profissionais de saúde trabalham, e está moldando o futuro da assistência à saúde. 

O investimento em governança clínica qualifica os serviços de saúde, permitindo sua avaliação e evolução constante. 

Para uma Governança Clinica acontecer de fato, há a necessidade da adesão das diretrizes de áreas como gestão da qualidade e governança organizacional para otimizar e aperfeiçoar processos. 

A Governança Clinica deve ser contemplada no Planejamento Estratégico, afinal, estabelecimentos de saúde não deixam de ser empresas e, como tais, precisam diminuir custos evitáveis. 

 Há a necessidade de implantar o chamado cuidado coordenado ou linha do cuidado, que empodera cada funcionário, parceiro e cliente para que exerçam seu papel em prol do sucesso nas práticas de saúde. 

 Os Pilares da Governança Clínica 

Seguem os 07 pilares da Governança Clinica 

  1.Experiência do Paciente 

A execução dos processos impacta diretamente na experiência do paciente, sendo ela positiva ou negativa. 

Prever que os processos assistenciais e de apoio devem ser desenhados a fim de atender as expectativas e entregar uma experiência satisfatória ao paciente. 

Na governança assistencial temos o paciente como centro do atendimento, ou seja, a equipe multidisciplinar deve considerar sempre as expectativas e prioridades do paciente e seus cuidadores, entendendo quais são suas principais preocupações para avaliar e promover um cuidado adequado. 

Lembrando que: Acolhimento humanizado não significa quebrar protocolos. 

  2. Gestão do Risco 

O ambiente da saúde tem riscos inerentes. Por isso, é extremamente importante que as instituições estudem e avaliem os fatores que podem impactar direta e indiretamente nos resultados da Governança Clínica, permitindo a correção ágil desses problemas. 

Desse modo, é importante que exista uma cultura de transparência e de responsabilização da equipe envolvida. Controlar o maior número de fatores que podem impactar nesse processo é primordial para a segurança do paciente 

A dificuldade da equipe clínica para identificar e avaliar fatores de riscos aos processos assistenciais é um problema muito comum. É muito comum notar uma visão retrospectiva do processo, analisando os eventos que impactaram na jornada a partir de notificações e reuniões de discussão, depois que o evento já aconteceu. 

Porém, é importante também analisar de forma prospectiva, direcionando esforços para evitar riscos, de modo preventivo. 

  3. Efetividade e Eficiência Clínica 

A efetividade clínica é o desfecho de um atendimento, isto é, o resultado que se entrega ao paciente. Já a eficiência se refere à relação entre o benefício oferecido e seu custo. 

As instituições precisam avaliar quais modelos trazem melhores desfechos.  

O uso de metodologias e soluções inteligentes auxiliam os gestores a identificar os modelos de fluxos mais eficientes e que tragam os desfechos esperados. 

Os resultados precisam ter evidências de efetividade e eficiência para o paciente. Tudo deve ser baseado em dados de qualidade e reconhecidos por entidades de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

  4. Auditoria Clínica 

A auditoria clínica avalia a ação evidenciada dos processos visando a melhoria contínua, aprimorando os resultados de qualidade e eficiência da assistência. 

Para um processo eficiente, a instituição deve garantir uma equipe preparada e tecnologias que suportem a análise da realidade dos processos na saúde, ou seja, apresentando a realidade de uma forma que faça sentido para os auditores clínicos e sempre alinhado a estratégia da Governança Clínica. 

O debate (diálogo) e a disseminação dos resultados permitirão a melhoria dos processos, fazendo com que a Governança Clínica traga os resultados esperados. 

O acompanhamento, é geralmente feito pela gestão da qualidade que foca no valor que é entregue durante o atendimento, através de análise das ações e dos registros seguros. 

O principal componente da auditoria clínica é a revisão (ou auditoria) para garantir que o que se deveria estar fazendo está sendo feito e, se não, fornecer uma estrutura para permitir que melhorias sejam implementadas. 

Duas formas de auditoria clínica: 

  • Auditoria através da avaliação Tracer  

Prontuário analisado do início ao fim, entendendo todas os pontos fortes e todas as fragilidades encontradas.  Avaliação de menos prontuários, porém por completo. 

  • Auditoria pontual 

Analisar pontos específicos pré definidos, para evidenciar os pontos fortes e todas as fragilidades encontradas, como por exemplo: adesão de um protocolo clinico, qualidade da prescrição médica, etc.  Muito mais prontuários, porém assunto pontual. 

Para os dois casos de auditorias clinicas citados, podemos auditar de forma: 

  • Retroativa: assistência já prestada e finalizada 
  • Perspectiva: assistência sendo prestada 

  5. Educação e treinamento 

 Oferecer educação continuada e desenvolvimento para que as equipes desenvolvam as competências necessárias para cumprir suas funções com excelência e atualização constante com participação dos profissionais em cursos e conferências, avaliações de eficácia para garantir que os treinamentos foram apropriados, avaliações de desempenhos individuais com os colaboradores para identificar as fraquezas e oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional. 

  6. Envolvimento dos pacientes 

 Envolver os pacientes e a comunidade para aprimorar a assistência e os serviços por meio de pesquisas de satisfação. Entender o  desfecho clínico como a experiência dos pacientes como uma fonte de informações para monitorar sua satisfação. 

  7. Gerenciamento de pessoas 

 A instituição deve trabalhar com processo adequado de recrutamento e seleção dos profissionais e com fluxos padronizados de gestão de pessoas.  

 Garantir que os colaboradores tenham as competências necessárias para o padrão exigido pelas funções para as quais foram contratados. 

 É fundamental ter programas de retenção de talentos que incluem estratégias para a motivação e desenvolvimento da equipe, além de proporcionar qualidade de vida. 

Como implementar uma Governança Clínica? 

A Governança Clínica precisa ser: 

  • Processo dinâmico e periódico. 
  • Atividade permanente de identificação, mensuração e feedbacks clínicos de falhas nas rotinas e procedimentos assistenciais. 
  • Processo estratégico. 

Para a implantação dessa cultura, há alguns itens essenciais que precisam ser cumpridos e adotados: 

  • Fazer um diagnóstico da situação atual (assistência, registro seguro, fluxos e rotinas) 
  • Fazer um levantamento sobre as formas e metodologias de gestão adotadas. 
  • Entender quais processos atendem às diretrizes, quais precisam de melhorias e quais sequer foram implementados. 
  • Envolver a equipe médica, pois estamos falando de governança clínica, a participação dos médicos é indispensável, desde o planejamento. 
  • Enfatizar que o objetivo é prezar pela melhoria contínua e apresentar o diagnóstico inicial para que a equipe possa entender os pontos de melhorias necessários. 
  • Traçar objetivos e metas, ou seja, definir claramente o estado desejado e o prazo para chegar lá. Dividir o objetivo maior em pequenas metas a serem atingidas em prazos curtos, traz melhor eficácia e menor tempo, incentivando as equipes. 
  • Estabelecer indicadores de desempenho com índices gerados juntos ao planejamento, a partir de cada objetivo e meta. 
  • Dar e receber feedbacks com caixas de sugestões, pesquisas de satisfação, ouvidoria, entre outros. 

 Com essas ações as instituições evidenciam efetividade e eficiência, ou seja, benefícios para a segurança do paciente, para a imagem perante a comunidade e parceiros e para a sustentabilidade financeira, de tal forma que: 

  • Reduz os desperdícios do sistema de saúde. 
  • Reduz Falhas 
  • Oferece um modelo remuneratório baseado em valor, ou seja, voltado a resultados assistenciais. 
  • Controla a sinistralidade. 
  • Prioriza a segurança do paciente. 
  • Prevê recursos e resultados. 
  • Aproveita o desempenho da organização. 
  •  Avalia a qualidade do serviço prestado. 
  • Disponibiliza o leito hospitalar ou a agenda de maneira eficiente. 
  • Melhora a experiência do usuário. 
  • Humaniza o atendimento 

A Governança Clínica não é apenas um conceito teórico

Ao concluir esse artigo sobre a Governança Clínica, fica claro que este é um tema de importância vital para o setor de saúde, e sua relevância só tende a crescer com o tempo. Enfim, é muito mais do que apenas um conceito teórico, é  uma abordagem prática que está transformando a maneira como cuidamos da saúde e como a assistência médica é prestada. 

É essencial que profissionais de saúde, gestores de sistemas de saúde e pacientes estejam atentos a essa tendência e se envolvam ativamente na busca pela melhoria contínua da qualidade, eficiência e transparência na área da saúde.  

Resumindo, a Governança Clínica é uma jornada em andamento, repleta de desafios e oportunidades. À medida que avançamos nessa jornada, é crucial manter um compromisso com os princípios da Governança Clínica e continuar explorando novas maneiras de aprimorar a assistência médica para o benefício de todos os envolvidos.  

Este é um convite para todos nós participarmos desse processo e contribuirmos para um sistema de saúde mais eficiente e eficaz. 

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