Como implementar uma cultura de riscos na área da saúde?

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Rafaela Conte

Rafaela Conte

A cultura de risco vem da necessidade de nos antevermos às adversidades de quaisquer naturezas, em especial na saúde, vem da necessidade de promovermos um cuidado seguro e efetivo ao paciente.

Na Acreditação ONA ela vem descrita no fundamento de Alta Confiabilidade que consiste no desenvolvimento e disseminação da gestão de riscos e cultura de segurança do paciente, com respostas em modo e tempo oportunos, demonstrando constante busca pelo alto grau de confiabilidade de suas atividades.

Na ISO 9001 temos que a cultura de riscos, ou mentalidade de riscos, é a habilidade de identificar fatores que possam levar a desvios em relação aos objetivos dos processos e do próprio SGQ, assim como de adotar as medidas cabíveis para prevenir que esses desvios aconteçam.

Diante destes conceitos fica mais fácil entender que, mais importante que realizar correções (nossas famosas não-conformidades e ações corretivas) é trabalhar uma cultura com processos confiáveis, controlados e, consequentemente mais seguros, características que fortalecem a reputação da instituição quando o tema é segurança dos pacientes.

Compreensão dos riscos na área da saúde

Os principais riscos enfrentados na área da saúde são, classicamente, os riscos relacionados às 6 Metas Internacionais de Segurança do paciente. Contudo, eles não param por ai, temos outras vertentes assistenciais que não podem ser negligenciadas, tais como:

  • Tecnovigilância;
  • Farmacovigilância;
  • Hemovigilância;
  • Biovigilância;
  • Nutrivigilância;
  • Vigilância de saneantes;
  • e, ainda os riscos das áreas administrativas  e de apoio.

Diante deste cenário é salutar a importância de identificar, analisar e classificar todos esses riscos de uma instituição de saúde.

Estabelecimento de políticas e diretrizes

Um dos primeiros passos é estabelecer uma Política de Gestão de Riscos, pois ela será a diretriz que norteia este processo. Além dela, procedimentos operacionais, responsabilidades e atribuições são fatores que precisam estar formalizados para a sistematização da gestão de riscos no dia a dia e proporcionar condições para a tomada de decisão.

Identificação e avaliação de riscos

A identificação dos riscos consiste no mapeamento de fatores que, se ocorrerem, podem interferir negativamente no objetivos planejados, sejam eles clínicos, operacionais e até mesmo reputacionais.

Existem várias ferramentas que podem apoiar este processo de identificação, alguns exemplos delas são: brainstorming, matriz SWOT, técnica delphi, entrevistas e inspeções.

Identificar os riscos é apenas o começo; depois disso, começamos a lidar com eles. Portanto, é fundamental:

  • Manter um registro regular de incidentes;
  • Analisar suas causas fundamentais;
  • Entender as falhas e seus efeitos.

Isso nos permite consolidar dados sobre a probabilidade e o impacto dos riscos, caso se tornem realidade, e assim determinar as barreiras ou controles internos mais eficazes para reduzir as ocorrências e proteger os pacientes.

Gerenciamento de riscos e planos de ação

A auditoria das barreiras e a análise de indicadores são dois dos melhores mecanismos que podemos adotar para gerenciar os riscos, pois eles nos trazem dados concretos sobre a materialização ou tendência de materialização dos riscos que nos oportunizam criar planos de ação e medidas preventivas.

A eficácia das medidas de correção ou prevenção adotadas depende do monitoramento das ações propostas, portanto, revisar regularmente os planos de ação é de suma importância para uma melhor efetividade da gestão de riscos.

Comunicação e treinamento

A comunicação tem um papel estratégico na promoção da cultura de riscos na área da saúde. Pois através dela podemos despertar a mentalidade de segurança dos paciente, a consciência dos riscos envolvidos e, principalmente, estimular que eventos adversos e incidentes sejam notificados, sem o temor por represálias, o que, com certeza, são fatores que nos permitem conhecer melhor os riscos aos quais estamos expostos.

Os treinamentos regulares sobre gestão de riscos, procedimentos de segurança e boas práticas são uma vertente de educação permanente que sustentam a gestão e o engajamentos das equipes para o tratamento dos riscos.

Monitore essas ações para fortalecer a cultura de riscos na área da saúde

Por fim, a implementação de um monitoramento sistematizado dos riscos, com periodicidade claramente definida, permite a avaliação do desempenho das medidas adotadas.

Esse monitoramento decorre da realização de auditorias internas, revisões periódicas e análises para identificar oportunidades de aprimoramento. Isso contribui para o fortalecimento da cultura de gestão de riscos na área da saúde, promovendo um cuidado seguro e efetivo ao paciente.

E para quem quiser saber um pouco mais sobre Gestão de Riscos na saúde, confira abaixo a Masterclass que rolou sobre o assunto:

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