A qualidade e o planejamento estratégico na saúde

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Pensar no futuro exige conhecimento do contexto organizacional e mercadológico, pois tudo muda o tempo todo e as empresas precisam estar atentas às mudanças e necessidades dos clientes e demais partes interessadas. Desta forma, é essencial avaliarmos a evolução do macro ambiente e as megatendências para desenvolver um plano estratégico que inspire a reflexão sobre o que precisamos evoluir, mudar, consolidar ou eliminar no contexto empresarial. Para isto é essencial considerar os princípios da qualidade no desenvolvimento do planejamento e gestão estratégica de qualquer negócio.

Na área da saúde este aspecto é ainda mais relevante, pois a qualidade está diretamente ligada à salvar vidas. Neste artigo vamos contextualizar a relevância da qualidade como pilar estratégico para concretizar a execução dos objetivos e alcançar as metas previstas no planejamento

Compreendendo o mundo Vuca e o mundo Bani

Vale lembrar o contexto VUCA e sua transformação ao longo da história. O termo VUCA foi moldado na década de 80 para explicar o “mundo novo” que se descortinava com o final da Guerra Fria e a queda do muro de Berlim. Nesta época, usávamos máquina de escrever, não existia cartão de crédito e nem telefones celulares. No Brasil, ainda vivíamos o governo militar, não existia internet e computador era um artigo futurista. Mundo VUCA quer dizer um mundo Volátil (Volatility), Incerto (Uncertainty), Complexo (Complexity) e Ambíguo (Ambiguity).

Já se passaram 40 anos e não faz mais sentido usar esta nomenclatura, pois já mudamos mais de cem vezes depois disso! E qual é o acrônimo que vai substituir o mundo VUCA no cenário atual?

É o mundo BANI!!! Como assim mundo BANI?

O significado de cada componente desta nova sigla compreende: Brittle = frágil; Anxious = ansioso; Non-linear = não linear e Incompreensible = incompreensível. 

Vivemos um novo contexto em um mundo em que tudo está interconectado e que se um componente falhar poderá haver um efeito cascata e outros sistemas falhando e caindo como dominós, um após outro, por isto é considerado Frágil (Brittle). Neste contexto, as pessoas ficam ansiosas (Anxious), com o que poderá acontecer, com o futuro incerto e tornam-se passivas para evitar tomar decisões potencialmente erradas. Assim, a lógica básica do que conhecemos como causa e efeito tornou-se não linear (Non-linear), ou seja, não se encaixam perfeitamente e pequenas decisões podem ter impactos desproporcionais benéficos e devastadores. Por exemplo, o aquecimento global é o resultado de decisões tomadas pelas indústrias na década de 80. Esses resultados não lineares de qualquer causa, eventos e decisões dadas muitas vezes parecem carecer de qualquer tipo de lógica ou propósito – eles são incompreensíveis (Incompreensible).

O Planejamento estratégico e o mundo Bani

O planejamento estratégico de uma organização envolve várias etapas tais como: a declaração da visão e missão do negócio; análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças); análise do ambiente interno (forças e fraquezas); formulação de metas e serviços e formulação de estratégia para atingir os objetivos de longo prazo. Para isto é essencial conhecer o contexto em que estamos vivendo para adaptar o negócio aos novos tempos.

A sigla BANI oferece uma estrutura produtiva para:

  • Dar sentido ao mundo novo;
  • Compreender melhor as ligações entre causas e efeitos;
  • Encontrar uma estrutura estável para determinar o que está acontecendo no mundo.

E sugere opções para responder aos desafios atuais, considerando:

  • Se algo é frágil, requer capacidade e resiliência;
  • Se nos sentimos ansiosos, precisamos de empatia e atenção plena;
  • Se algo é não linear, exige contexto e adaptabilidade;
  • Se algo é incompreensível, exige transparência e intuição.

Com o BANI entramos em uma nova fase em que temos uma nova linguagem para descrever e compreender o que está acontecendo, fornecendo uma base para desenvolver novas abordagens. Esse novo mundo exige das empresas planejamento e gestão estratégica claramente definida e implementada em todos os níveis hierárquicos, tutelada pelo Conselho de Administração e vivenciada pela Diretoria Executiva, Lideranças e colaboradores. 

A gestão estratégica tem a responsabilidade de avaliar e corrigir a implementação do planejamento estratégico, constituindo, portanto, etapa final de um ciclo, o qual, por sua vez, deve ser periodicamente reavaliado, permitindo compreender o modelo de negócio e o sistema de operacionalização do plano estratégico nos processos da cadeia de valor. 

Os processos da cadeia de valor são amplamente discutidos, avaliados e aperfeiçoados pela gestão da qualidade. Portanto, gestão estratégica e gestão da qualidade caminham juntas no ambiente organizacional. 

A qualidade como pilar estratégico da gestão 

A gestão da qualidade é definida como uma ferramenta estratégica, cujo objetivo é promover uma visão sistêmica da empresa, estando alinhada a práticas e conceitos que são reconhecidos mundialmente. Trata-se da ação direcionada para o controle de todos os processos organizacionais, como gestão de pessoas, de finanças, de provimentos, da promoção da saúde, da qualidade assistencial entre outras. Tudo isso permite a melhoria de produtos e serviços, de modo a garantir a satisfação das necessidades e superar as expectativas dos clientes. 

Ter uma boa gestão da qualidade é um requisito obrigatório para qualquer empresa, pois somente assim é possível garantir satisfação dos seus clientes, bem como competitividade, lucratividade e permanência do negócio no mercado. A partir da compreensão da amplitude deste conceito é essencial entender a relevância da qualidade no desenvolvimento do planejamento estratégico da empresa. 

Segundo Norton e Kaplan os cinco princípios de uma organização orientada para a estratégia são: 

  • Traduzir a estratégia em termos operacionais de modo que todos possam compreender;
  • Alinhar a organização à estratégia a partir do envolvimento e comprometimento de todos;
  • Transformar a estratégia em tarefa de todos através da contribuição pessoal para a implementação da estratégia;
  • Converter a estratégia em processo contínuo por meio do aprendizado e de revisões contínuas da estratégia;
  • Mobilizar a mudança por meio da Liderança Executiva para promover a transformação. 

A implementação desses cinco princípios justifica a necessidade da área da qualidade atuar como um pilar importante no processo de planejamento estratégico. 

A execução bem sucedida do planejamento estratégico passa pelo desdobramento dos objetivos estratégicos em planos de ação e/ou projetos estratégicos nos processos da cadeia de valor. Sem a compreensão de todos os colaboradores sobre como podem contribuir para o alcance da visão de futuro e quais as ações concretas que deverão ser implementadas e monitoradas para o alcance da visão, não há sucesso na execução estratégica. E, um plano estratégico sem execução não gera resultados e muito menos oportuniza para a empresa manter-se no mercado de forma sustentável e competitiva. Assim, é essencial que os profissionais da qualidade estejam preparados e qualificados para exercer essa atribuição e conquistar o seu espaço junto à diretoria da empresa como um pilar estratégico na estruturação e implementação do planejamento estratégico. 

Qualidade  e monitoramento da estratégia

De nada adianta termos o melhor plano estratégico se o mesmo não for implementado e monitorado sistematicamente. Quem faz isto com propriedade é a gestão da qualidade em conjunto com as lideranças. 

Um bom plano estratégico contém um conjunto de indicadores de qualidade que justifiquem a sua existência e importância dos objetivos estratégicos estabelecidos pela organização. A busca da excelência na área da saúde permeia tanto projetos de cunho assistencial como operacional. Os indicadores relacionados à atenção à saúde devem estar relacionados à qualidade e segurança do paciente, bem como a ações voltadas à garantia de acesso à saúde.

Para a definição de indicadores é importante que o estabelecimento de saúde utilize referências de indicadores utilizados por instituições reconhecidas como por exemplo OPAS, OMS, ANS, ANVISA, Ministério da Saúde etc. A partir da definição do Sistema de Medição do Desempenho é essencial definir as metas para os indicadores e acompanhar os resultados alcançados de forma sistemática, primando pela análise das causas dos resultados insatisfatórios e definindo ações de melhoria para o seu tratamento. Sob o ponto de vista da definição de indicadores e do sistema de monitoramento da análise do desempenho organizacional, a gestão da qualidade tem um papel preponderante. 

Se você atua na gestão da qualidade ou na gestão estratégica de um serviço de saúde deixe seus comentários sobre este artigo e compartilhe conosco a sua experiência. Este artigo torna-se mais rico se pudermos compartilhar boas práticas de gestão estratégica e exemplos bem sucedidos na área da saúde. Aguardo suas contribuições!

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